A dermatite atópica é uma doença crônica da pele e ocorre por conta de aspectos hereditários, alérgicos, ambientais e estilo de vida.

De forma geral, tem começo precoce, afetando, principalmente, as crianças em seus primeiros anos de vida, mas, também, em menor frequência, os adultos.

A pele, via de regra, fica ressecada, com lesões um pouco avermelhadas e que descamam. A dermatite atópica se apresenta com períodos alternados de calmaria e, por outro lado, de intensa coceira, que incomoda bastante.

A dermatite atópica diminui a qualidade de vida das crianças e dos familiares e sua presença parece estar aumentando nos últimos anos.

Ela afeta crianças de todas as classes sociais.

A coceira frequente contribui para determinar alterações do sono e infecções secundárias nas lesões de pele.

As crises podem causar falta nas aulas, na escola e alterações psicológicas.

Esta dermatose é a doença de pele que mais aparece na infância, correspondendo a 1% das consultas em pediatras e 20% das consultas dermatológicas das crianças.

O início da dermatite atópica é mais comum entre os 3 e os 6 meses de idade; aproximadamente 60% dos pacientes desenvolvem eczema atópico (tipo de lesão de pele, onde ocorre vermelhidão, elevações, descamação) no primeiro ano de vida, e 90%, até os 5 anos de idade.

É muito raro que a dermatite atópica tenha início na fase adulta.

O histórico familiar desta enfermidade é um dos principais fatores para desenvolver a doença.

Estudos mostram que até 60% dos adultos com dermatite atópica tiveram filhos com a mesma doença.

Do mesmo modo, se ambos, pai e mãe têm a dermatite, a chance de o filho ter também chega a 80%. 

Quadro clínico da dermatite atópica

A lesão clássica da dermatite se apresenta como uma inflamação cutânea com vermelhidão, pele ressecada, pequenas pápulas, que são elevações da pele, além de vesículas, escamas e crostas.

Pés de bebê com a pele ressecada: a lesão clássica da dermatite atópica se apresenta como uma inflamação cutânea com vermelhidão
Pés de bebê com a pele ressecada: a lesão clássica da dermatite atópica se apresenta como uma inflamação cutânea com vermelhidão

A coceira é a principal manifestação da doença, que se inicia no período de lactente, sendo, muitas vezes, de difícil controle, prejudicando o sono e as atividades do cotidiano.

A pele seca é um dos sinais mais frequentes.

A doença ocorre em surtos, com crises e de outro modo, momentos em que a doença está inativa, sem lesões ou sinais da doença.

O quadro clínico varia conforme a faixa etária e divide-se no seguinte.

Lactente – de 0 a 2 anos

As lesões ocorrem, principalmente, na face, poupando a região central (nariz e boca); no couro cabeludo, tronco, e na região extensora dos membros (parte do membro que faz o movimento de extensão, no caso do braço e a região anterior do cotovelo e posterior do joelho), poupando as regiões cobertas pela fralda.

As lesões iniciais são placas avermelhadas.

Pré-Puberal (antes de entrar na puberdade) – 2 a 10 anos

A pele é seca e áspera, e a coceira ocorre principalmente nas áreas anteriores do cotovelo e posteriores do joelho, levando ao espessamento da pele e o aparecimento de placas avermelhadas e descamativas.

O prurido (a coceira) e as alterações na qualidade do sono podem determinar olheiras.

O prurido é muito intenso e pode ser de difícil controle e corre o risco até de ocorrer uma infecção secundária.

É nesta fase que a maioria dos pacientes, tratados de forma apropriada, apresentam melhora importante ou desaparecimento total das lesões.

Puberal – maior de 10 anos (quando entra na puberdade)

As lesões são mais frequentes nas pregas dos braços, pescoço e pernas.

Criança com coceira no braço: as lesões são mais frequentes nas pregas dos braços, pescoço e pernas
Criança com coceira no braço: as lesões são mais frequentes nas pregas dos braços, pescoço e pernas

Pode haver acometimento isolado da face, ressecamento labial, do dorso das mãos e dos pés. Lesões nos mamilos podem ocorrer nas mulheres e adolescentes jovens, e são características importantes para o diagnóstico.

Diagnóstico da Dermatite Atópica

Não há exames laboratoriais ou histológicos para esta dermatite. Sendo assim, o diagnóstico é exclusivamente clínico, com base em características históricas, morfologia e distribuição das lesões de pele, além de sinais clínicos associados.

A falta de um bom marcador bioquímico para o diagnóstico é um grande obstáculo ao estudo desta doença. O diagnóstico depende também da exclusão de outras doenças como dermatite de contato, dermatite seborreica, entre outras.

Fatores estimulantes que geram as crises

Infecção: há um aumento da colonização da pele pelo S. aureus de pessoas com a dermatite, ou seja, existe um aumento da quantidade de bactérias como o stafilococo, de pessoas com dermatite.

A infecção causa piora da doença.

Clima: ocorrem crises da dermatite em extremos de temperatura, isso é: em temperaturas muito altas ou muito baixas.

Alimentos: este é um tema bastante controverso.

Porém, alguns estudos demonstram evidências a favor da associação, especialmente em lactentes.

Outros levantamentos mostram que 30% das crianças com dermatite atópica, de moderada a grave, apresentam relação com alergia alimentar. Os principais alimentos envolvidos são a clara do ovo (primeiro lugar), leite de vaca e trigo, esse último mais raramente.

Tratamento

O tratamento é realizado em consultórios médicos na imensa maioria dos casos, sendo rara a necessidade de recorrer a serviços de emergência por crises e infecções secundárias.  

A Dra Sara Shamay, consultora da área de imunoalergia da Clínica Pediátrica Toporovski salienta que “a base do tratamento é promover a hidratação, diminuir a coceira, e manejar a inflamação”.

A pediatra Sarah Shamay: a base do tratamento da dermatite atópica é promover a hidratação e diminuir a coceira
A pediatra Sarah Shamay: a base do tratamento da dermatite atópica é promover a hidratação e diminuir a coceira

Orientação gerais

Uso de roupas leves, de algodão, retirando as etiquetas. Preferir ambientes com temperaturas mais amenas.

Umidificador em ambientes mais secos. As roupas devem ser lavadas com sabão neutro e sem amaciante.

Banhos rápidos, de no máximo 10 minutos, com água morna e sabonetes com pH entre 5-5,5, sem corantes e sem perfume e uso de shampoo suave.

Após o banho, secar a pele de forma suave e aplicar o hidratante imediatamente (máximo em 3 minutos).

Em casos graves, pode-se indicar o uso de sabonetes sintéticos sem atividade detergente, que não retiram a oleosidade natural da pele. Além disso, é importante recomendar o corte das unhas semanalmente, para diminuir as escoriações.

Orientações dietéticas

A restrição aos alimentos só deve ser indicada em casos de alergias comprovadas e de forma coerente.

A família não deve iniciar alterações na dieta das crianças acometidas, sem que haja um estudo prévio e realização dos testes alérgicos.

As orientações alimentares e restrições devem ser realizadas pelo pediatra ou imunoalergista, que estão acompanhando os casos em questão.

Aproximadamente 20 a 30% dos pacientes com dermatite atópica apresentam alergia alimentar.

Hidratação

Os banhos devem ser rápidos, mornos e seguidos de hidratação intensiva. Essa é uma das partes mais importantes do tratamento.

Dermatite nas mãos: os banhos devem ser rápidos, mornos e seguidos de hidratação
Dermatite nas mãos: os banhos devem ser rápidos, mornos e seguidos de hidratação

A escolha do melhor hidratante é individual e deve ser discutido com a família e a criança, para que a aderência seja a melhor possível.

Anti-alérgicos

A coceira é o sintoma principal e melhora muito com a hidratação adequada da pele. 

O uso de anti-histamínicos é indicado para o controle do prurido (coceira) nas fases de crise. Procura-se utilizar os não sedantes.

Porém, para lactentes e escolares com alterações da qualidade do sono, utiliza-se doses noturnas de anti-histamínicos sedantes, tendo como objetivo a melhora da qualidade do sono destes pacientes e, com isso, a qualidade de vida dos mesmos.

Corticóides tópicos

Representam as medicações de uso tópico de escolha das crises, em associação com a hidratação da pele. O tempo de uso deve ser limitado e orientado pelo médico que acompanha o caso, devido aos efeitos colaterais dos corticoesteróides.

Fototerapia

Usado em pacientes acima de 12 anos de idade, em casos moderados a graves.

Atividade física

Evitar aquelas que desencadeiam sudorese excessiva, ou seja, aqueles que levam ao aumento do suor e recomenda-se o uso de piscinas sem cloro nos meses de calor.

Imunobiológicos

Representam uma nova classe de tratamento em fase inicial de utilização e com resultados promissores para os casos de difícil controle. O Dr. Mauro Toporovski, coordenador e pediatra da Clínica Pediátrica Toporovski, salienta que estão sendo desenvolvidas diversas drogas que agem bloqueando as reações inflamatórias determinantes de Dermatite Atópica em pontos distintos, promovendo não só a reversão do quadro clínico em questão e funcionando igualmente como dessensibilizantes. 


Clínica de Pediatria Toporovski: (11) 3821-1655

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