Uma dúvida muito comum que os pais dos pacientes têm é: o que é urticária? E quais são os seus tipos?
A urticária é uma irritação cutânea, caracterizada por lesões avermelhadas e levemente inchadas, parecidas com vergões, acompanhadas de coceira intensa.
Essas lesões podem aparecer de repente em qualquer parte do corpo, em qualquer horário do dia, durando horas e desaparecendo espontaneamente, para ressurgir depois em outro local, sem deixar marcas na pele.
Elas podem ser pequenas, isoladas ou se juntarem e formarem grandes placas avermelhadas.
A urticária é um distúrbio bastante comum na infância. Estudos mostram que cerca de 15% a 20% das pessoas já manifestaram pelo menos um episódio da doença na vida. Em crianças e adolescentes a prevalência é de 2,1 – 6,7%.
Quase 50% das urticárias agudas em crianças são de origem infecciosa, seguida por medicamento e alimentos.
Na infância, os episódios geralmente são leves e acabam se resolvendo sozinhos, na maioria das vezes, em até 72 horas.
Tipos de urticária
De acordo com o tempo de duração
Urticária aguda: quando o quadro clínico dura menos de 6 semanas, é o tipo mais comum na infância.
Urticária crônica: quando o quadro clínico dura 6 semanas ou mais.
De acordo com a causa
Urticária induzida: quando existe um fator externo identificado que desencadeia as crises como estímulos físicos (calor, frio, sol, água, pressão), medicações, alimentos, infecções (virais, bacterianas, fúngicas ou parasitárias), picada de insetos, contrastes.
Urticária espontânea: quando ocorre sem uma causa identificada, também chamada urticária idiopática, o que dificulta o diagnóstico e tratamento. É mais comum nas mulheres.
As causas das crises de urticária

Ainda não estão completamente esclarecidas as causas das crises de urticária.
Estudos mostram que podem as crises podem ser ocasionadas por estímulos de origem imunológica e não imunológica.
Entre as não imunológicas, estão a erupção cutânea, que é consequência de uma reação alérgica aguda a agentes físicos, tais como: medicamentos (AAS, diclofenaco, penicilina, anticonvulsivantes etc.), alimentos (frutos do mar, ovos, nozes, leite, chocolate, conservas, etc.), picadas de inseto, ou, ainda, como reação à exposição direta da pele ao frio, ao calor, a raios solares, à água quente ou fria, e a exercícios físicos.
As lesões podem surgir, também, em áreas da pele que estiveram sujeitas à fricção ou foram mantidas sob pressão (dermografismo).
Na maioria dos casos, é muito difícil identificar o fator desencadeante da maioria dos episódios. Estudos recentes indicam que esses quadros podem estar associados a doenças autoimunes.
Existem relatos que, na infância, a maioria dos casos de urticária aguda, estão relacionadas a infecção viral (principalmente Citomegalovírus, Herpes tipo 6 e Vírus Epstein-barr)
Sintomas da urticária

O sintoma mais comum da urticária é a coceira, que pode estar associada a ardor ou queimação.
Esta costuma ser muito intensa, atrapalhando a vida dos pacientes em diversos aspectos como trabalho, estudo e sono.
Ela vem acompanhada do aparecimento das urticas, que são pequenas elevações rosadas, com centro mais claro, delimitadas por vergões avermelhados e inchaço. Essas lesões podem ocorrer isoladas na pele ou formando placas. Podem, ainda, manifestar-se em qualquer parte do corpo e desaparecem sem deixar marcas.
Do mesmo modo, também pode ocorrer inchaço rápido, intenso e localizado, geralmente em pálpebras, lábios, língua e garganta, chamado de angioedema, que podem durar mais de 24 horas.
Há também uma complicação mais rara, chamada de anafilaxia, que atinge o corpo todo causando náuseas, vômitos, queda da pressão arterial e edema de glote (garganta), com dificuldade de respirar. Esses casos precisam de atendimento médico imediato.
Diagnóstico da urticária
A história detalhada do paciente é muito importante, incluindo hábitos alimentares, uso de medicações, aspecto das lesões, história familiar, picadas de insetos, estresse.
Como a maioria dos casos estão associados com quadros infecciosos, com a redução da infecção, ocorre também a diminuição dos sintomas e raramente precisa de alguma outra investigação.
Porém, em casos recorrentes, ou seja, apesar do tratamento, não melhorarem, ou voltarem a acontecer, com suspeita de causa alérgica, alguns exames devem ser feitos, como os testes com pesquisa de IgE específicas e testes cutâneos, que podem ser usados para identificar a causa e seus fatores desencadeantes.
Patch teste, que é um teste para suspeita de urticária de contato.
Teste de provocação oral, que é o padrão ouro para diagnóstico de urticária induzida por alimento.
Contudo, nem sempre é possível determinar a causa da urticária crônica. Quando isso ocorre, ela é classificada como urticária crônica espontânea idiopática.
Tratamento da urticária

O tratamento da urticária é eficiente quando o paciente fica completamente livre dos sinais e sintomas da doença e, para isso, primeiramente, precisa determinar o tipo de urticária (crônica ou aguda / espontânea ou induzida).
O tratamento é estabelecido, individualmente, de acordo com o quadro de cada paciente.
Quando é possível identificar a causa das lesões, como ocorre nas urticárias agudas e crônicas induzidas, a principal medida é suspender o contato com os agentes desencadeantes das crises.
Além disso, a dieta alimentar costuma ajudar na melhora mais rápida e evitando o reaparecimento das lesões.
Medicamentos anti-alérgicos (anti-histamínicos) ajudam a aliviar os sintomas. Dá-se preferência ao grupo de anti-histamínicos não sedantes para as crianças. Em algumas situações, pode ser necessário o uso de corticoides por um curto período.
Há casos mais graves e que já apresentaram reações intensas ou anafiláticas.
Sendo assim, o controle do risco de recorrência deve ser muito bem colocado para os familiares. Nessas situações, as famílias contam com canetas com doses estabelecidas de epinefrina, que são aplicadas pelos pais ou cuidadores de modo imediato quando ocorrem reações severas.
O tratamento da urticária crônica espontânea idiopática é realizado com anti-histamínicos em doses que podem ser aumentadas gradativamente. Porém, entre 25 e 33% dos pacientes não respondem ao tratamento com antialérgicos, mesmo em dose aumentadas. Nesses casos, são avaliadas outras opções de tratamento mais modernas.
Prevenção
A Dra Sarah Shamay, pediatra da Clínica de Pediatria Toporovski e consultora da área de imunoalergia fala sobre a importância de se procurar descobrir o agente que desencadeia os surtos de urticária, quais são esses “gatilhos” e afastar-se deles.

Outros pontos são solicitados como conduta ideal:
Entender a natureza da doença; evitar aumento do aquecimento corporal, pois piora muito a irritação; evitar coçar a pele, principalmente nas áreas que apresentam as lesões; aplicar compressas frias sobre as lesões para aliviar a coceira, que é o principal sintoma.
Deve ser prescrita uma dieta alimentar sem corantes, conservantes, embutidos e enlatados; outros alimentos, tais como: peixes e frutos do mar, chocolate e ovo, podem ser excluídos dependendo do tipo de histórico e da dificuldade de controle das crises, dos momentos de piora da doença.
Recomenda-se levar imediatamente para o pronto socorro se além dos sintomas da urticária, apresentar dificuldade para respirar, falar ou engolir.
Da mesma forma, também se recomenda para nunca se automedicar.
Nas urticárias determinadas por picadas de inseto, usar repelente quando for necessário ou dependendo da atividade que a criança irá exercer.
É importante relaxar, já que a maioria dos casos são controlados ao longo do tempo e o estresse da própria criança e familiares pode piorar bastante os sintomas da urticária.
Clínica de Pediatria Toporovski: (11) 3821-1655