Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas tem algum tipo de deficiência no mundo e, uma em cada dez, é criança. No Brasil, 45,6 milhões de pessoas são portadoras de deficiência. Por isso, a importância da pergunta: por que é importante conviver com crianças especiais?

Desse total, nada menos do que 7,5% são crianças de até 14 anos de idade, segundo o último censo do IBGE, de 2010. Ou seja, nada menos do que cerca de 3,5 milhões de crianças.

De acordo com números do Unicef para América Latina, 70% das crianças com deficiência não frequentam escolas.

A ONU mostra ainda que enquanto 60% dessas crianças completam a escola primária nos países desenvolvidos, apenas 45% (meninos), e 32% (meninas), concluem a etapa nos países em desenvolvimento.

Em primeiro lugar, vamos entender quem são essas crianças com necessidades especiais.

São aquelas que, por alguma diferença no seu desenvolvimento, requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional, visando torná-las autônomas, capazes e mais independentes, para que possam atingir todo seu potencial.

Podem elas ser de condições visuais, auditivas, intelectuais (mentais), físicas e ter duas ou mais destas deficiências, como visual e intelectual, ao mesmo tempo, ou altas habilidades

O Plano Nacional de Educação considera público alvo da Educação especial na perspectiva da Educação inclusiva, educandos com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), transtorno global do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades.

A educação especial é uma modalidade de ensino que tem a função de promover o desenvolvimento das habilidades das pessoas com deficiência da educação infantil ao ensino superior.

Educação inclusiva é a base da sociedade 

Menina estudando: educação inclusiva é a base da sociedade
Menina estudando: educação inclusiva é a base da sociedade

Para a jornalista e escritora Claudia Werneck, fundadora da ONG Escola de Gente, no Rio de Janeiro (RJ), o ambiente educacional inclusivo é o melhor exemplo do que seria a escola como um bem público levado às suas últimas consequências.

“A educação inclusiva é a base da sociedade. Ela nada mais é do que a consequência natural de uma escola de qualidade para todos”, define.

Ao apontar a inclusão como o único caminho para a construção de uma nação democrática, Claudia diz que o desafio da escola não está em lidar com as crianças com deficiência, mas em compreender as múltiplas formas de ser um estudante.

“A educação inclusiva olha para cada criança como um ser em uma fase específica da vida”, afirma.

No entanto, muitas vezes, as instituições educacionais não consideram as diferentes formas de aprender quando organizam seus processos.

Todos os alunos ficam dispostos em carteiras enfileiradas, sentados por horas para fazer as mesmas atividades. Segundo especialistas como Claudia, a deficiência só evidencia o impacto de um modelo educacional que já não faz mais sentido para os estudantes e não atende às expectativas do século 21.

Até o início do sec XXI no Brasil, havia a escola regular e a escola especial.

A educação inclusiva é a educação especial dentro da escola regular, com o objetivo de permitir a convivência e a integração social dos alunos com deficiência, favorecendo a diversidade e trazendo benefícios.  

Com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças.

O processo educativo deve ser considerado como um processo social em que todas as pessoas, com deficiência ou não, têm o direito à escolarização, reconhecendo e valorizando as diferenças.

Escolas devem aceitar alunos com deficiência: por que é importante conviver com crianças especiais?  

Crianças em sala de aula: entenda porque que seu filho deve conviver com crianças especiais na escola
Crianças em sala de aula: entenda por que é importante conviver com crianças especiais

Para que ela aconteça, é fundamental a criação de redes de apoio aos educadores com a família e profissionais da saúde

A escola deve aceitar os alunos com deficiência e programar as mudanças necessárias para que eles tenham seu direito à educação garantido, como a presença de um segundo professor em sala, ou de um estagiário, com o objetivo de dar apoio à equipe pedagógica, adaptações físicas e de conteúdo.

Muitas vezes ainda se faz necessária a escola especial em outro período, com profissionais especializados.

Em nosso país ainda enfrentamos dificuldades com a falta de preparo, capacitação e quantidade de professores para lidar com os alunos com deficiência. Além da falta de  recursos financeiros necessários para fazer as adaptações.

O que os pais e as mães precisam saber 

De acordo com a Agência Brasil, entre 2014 e 2018, o número de matrículas de estudantes com necessidades especiais cresceu 33,2% em todo o país, segundo dados do Censo Escolar divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

No mesmo período, também aumentou de 87,1% para 92,1% o percentual daqueles que estão incluídos em classes comuns.

Em 2014, eram 886.815 os alunos com deficiência, altas habilidades e transtornos globais do desenvolvimento matriculados nas escolas brasileiras.

Esse número tem aumentado ano a ano. Entre 2017 e 2018, houve aumento de aproximadamente 10,8% nas matrículas. Em 2018, chegou a cerca de 1,2 milhão.

O assunto, já abordado exaustivamente, diz respeito à inclusão social de crianças com deficiências físicas e intelectuais.

A proposta educacional é oferecer educação de qualidade para todos, sem discriminação, incentivando os alunos especiais a frequentarem as mesmas escolas que as demais crianças.

Trata-se de um movimento mundial, uma importante transformação, resultando na valorização da diversidade.

Qual o benefício da integração com crianças especiais? Por que é importante conviver com crianças especiais?
A psiquiatra Danielle H.Admoni; ao participarem das atividades regulares, as crianças deficientes desempenham maior quantidade de tarefas do que antes
A psiquiatra Danielle H.Admoni; ao participarem das atividades regulares, as crianças deficientes desempenham maior quantidade de tarefas do que antes

Naturalmente, como em toda mudança, existem dúvidas dos pais: será positiva a convivência do meu filho entre crianças com diferenças? É benéfico?

Nas escolas que recebem crianças especiais, elas são estimuladas pelos outros alunos, alcançam progressos muito superiores aos que teriam em escolas especializadas, onde estariam “protegidas” deste contato e, portanto, segregadas.

“Ao participarem das atividades regulares, as crianças deficientes desempenham maior quantidade de tarefas do que antes e aprendem mais com o amigo que tem uma habilidade maior”, diz a Dra Danielle H.Admoni, psiquiatra da Infância e Adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

“Em contrapartida, as crianças ditas “normais” fortalecem características que talvez não adotassem se não tivessem essa experiência”, aponta a especialista, colaboradora da Clínica Pediátrica Toporovski

A convivência entre alunos com deficiência desenvolve significativamente a tolerância e a solidariedade, além de aumentar a qualidade nos relacionamentos e diminuir a tendência de comportamentos agressivos.

A visão de pais e professores 

Os educadores, diante de uma turma ainda mais heterogênea, aprendem a lidar com as diferenças dos alunos, enxergando cada um como um ser individual, com suas próprias particularidades e dificuldades.

Consequentemente, a avaliação feita pelo professor se torna mais personalizada, humanizada.

Os pais também aprendem, pois se envolvem em uma realidade totalmente desconhecida até então, embora alguns ainda tenham receio de que um aluno com necessidades especiais possa gerar queda no rendimento de todo o grupo.

Entretanto, o preparo da escola inclui lidar com o fato de que as crianças especiais possam não alcançar a mesma produção dos demais, o que não interfere no cronograma e tampouco prejudica o restante da classe.

A proposta da inclusão é que as crianças se beneficiem com este convívio.

Afinal, todas têm algo a aprender e ensinar, independentemente do nível intelectual e social.

Com esta experiência, as crianças ditas “normais” tendem a crescer sem preconceitos e com uma noção mais ampla sobre a realidade da vida.

Dar às crianças essa oportunidade é oferecer ao mundo futuros cidadãos que saberão o real significado de respeito, empatia, responsabilidade e compreensão sobre ser diferente.

Ou seja, se queremos adultos inclusivos e empáticos, como tanto se fala nos dias atuais, devemos iniciar esse comportamento já na escola! 


Clínica de Pediatria Toporovski: (11) 3821-1655. 

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