Sem dúvida alguma, a conjuntivite alérgica incomoda demais quando acomete alguém. Por isso é muito interessante sabermos mais sobre este assunto; conjuntivite alérgica: quais são os seus tipos e o seu tratamento.
A conjuntivite alérgica se caracteriza por um quadro inflamatório da superfície do olho, que ocorre quando há contato com algum alérgeno (que é o agente causador da alergia, o que provoca os sintomas, por exemplo, ácaros, pelos de animais), desencadeando uma reação inflamatória.
Estima-se que 30% da população tenha sintomas alérgicos, e, destes, entre 40 a 80% tenha sintomas oculares.
Esta é uma doença que afeta muito as pessoas com menos de 20 anos de idade.
Os sintomas tendem a diminuir com o tempo, mas podem persistir até a fase adulta. Segundo o estudo ISAAC (Estudo Internacional da Asma e Alergias na Infância), a alergia ocular afeta até quase 40% das crianças e adolescentes.
Observa-se um aumento considerável das doenças alérgicas, principalmente nas crianças, que pode estar relacionada a alterações ambientais, e sociais, como passar mais tempo em locais fechados com maior exposição a ácaros e fungos, maior poluição, maior contato com animais, entre outros.
Os tipos de Conjuntivite alérgica
Há três categorias que são mais comuns.
Conjuntivite Alérgica Aguda: de início repentino, causado por exposição ambiental a algum alérgeno conhecido, como pelo de gato. Os sintomas melhoram espontaneamente em cerca de 24 horas.
Conjuntivite Alérgica Sazonal: é o tipo de conjuntivite mais frequente, ocorrendo geralmente na infância até a fase dos adultos jovens.
Na maioria das vezes, está associada com rinite (rinoconjuntivite) e é desencadeada por pólens.
Tem início não tão imediato, com piora ao longo dos dias ou semanas, com duração previsível, durante a época de polinização.
Conjuntivite Alérgica Perene: tem fases de melhora e de piora, afetando principalmente adolescentes e jovens, e está relacionada a exposição ambiental, geralmente a alérgenos como ácaros, pelos de animais e mofo.
O diagnóstico é predominantemente clínico e é importante identificar os alérgenos responsáveis. Para isso, é interessante que seja acompanhado por um alergista em conjunto com o médico que trata do problema.
Os principais sinais e sintomas são: história pessoal ou familiar de doenças alérgicas; sintomas sazonais ou recorrentes; acometimento de ambos os olhos; coceira ocular; lacrimejamento; vermelhidão; fotofobia leve (incômodo com a claridade); lesão de eczema em pálpebras, que são lesões de pele avermelhadas e descamativas.
E deve-se afastar a possibilidade de outras doenças como infecções, olho seco, blefarites e outras alergias oculares mais graves.
Alguns exames podem complementar o diagnóstico, correto desta condição: provas cutâneas (Prick teste); dosagem de IgE total e específica, prova de provocação conjuntival.
As complicações que podem ocorrer principalmente são o ceratocone (que é quando a córnea adquire forma de cone de tanto coçar) e olho seco, que ocorrem pelo processo inflamatório da superfície ocular e pelo ato de coçar continuamente.
Por isso, é de extrema importância o diagnóstico e tratamento precoces.
O tratamento inclui, principalmente, mudança de hábitos e medicação, e para isso é muito importante o entendimento e a cooperação da família, para que haja sucesso.
Tratamento para todos os tipos de conjuntivite alérgica (é a primeira opção de tratamento)
Compressas frias nas pálpebras, que possuem um grande efeito anti-inflamatório.
Lavar os olhos constantemente com soro fisiológico, para eliminar os alérgenos e secreção local.
Uso de lágrimas artificiais, preferencialmente as sem conservantes.
Controle ambiental adequado, limitando o contato com os aeroalérgenos (ácaros, mofo, pelos de animais) e agentes irritantes.
Evitar o uso de lentes de contato e cosméticos faciais.
Tratamento de segunda linha, realizado para alívio dos sintomas
Cromoglicato de sódio: devem ser usados por alguns dias e com a desvantagem de precisar aplicações repetidas.
Anti-alérgicos tópicos: colírios anti-alérgicos. Sempre que possível, priorizar o uso destes.
Anti-alérgicos sistêmicos: usar, preferencialmente, os de segunda geração, que são mais seguros e com menos efeitos colaterais. Eles auxiliam nos casos mais graves.
Tratamento de terceira linha
Método usado em casos mais graves e que devem ser acompanhados junto com um oftalmologista.
Corticoesteróides tópicos: o uso é geralmente por curto tempo e com rápida diminuição da dose pelo risco de complicações como catarata e glaucoma.
Anti-inflamatórios tópicos são pouco usados, pois não é muito tolerado. E os anti-inflamatórios orais são utilizados em ocorrências mais graves.
Os anti-inflamatórios nasais são bastante benéficos para os sintomas oculares associados a rinoconjuntivite alérgica.
O alergista pode indicar a Imunoterapia (que é o tratamento feito com vacinas) para melhora do quadro alérgico com os alérgenos específicos.
Em formas severas, usa-se os imunossupressores em colírio para evitar o uso constante de corticoesteróides.
A alergia ocular tem impacto na qualidade de vida dos doentes, comprometendo as atividades escolares, o sono, as atividades esportivas e até o relacionamento com os colegas e amigos.
O impacto sócio-econômico, relacionado com os custos das medicações, serviços de saúde, faltas escolares e do trabalho por parte dos pais, é um importante fator para ter em conta na alergia ocular.
A Dra Sarah Shamay, pediatra imunoalergologista, colaboradora da Clínica Pediátrica Toporovski, recomenda o seguinte.
“A avaliação médica e dos antecedentes pessoais é de extrema importância para o diagnóstico. Deve-se avaliar as diferentes causas de olho vermelho. Do mesmo modo, há que se investigar quais são os fatores que desencadeiam os sintomas e realizar o controle ambiental”, afirma a especialista.
“Deve-se, ainda, acompanhar conjuntamente com alergista para possível tratamento com imunoterapia. Deve haver, ainda, avaliação do oftalmologista especialista em casos de sintomas mais graves. E, quando o quadro for unilateral, com dor ocular, distúrbio da visão ou uso prolongado de medicamentos tópicos”, diz a médica.
“Recomenda-se, ainda, o atendimento psicológico e o apoio individualizados, que são fundamentais para ajudar as crianças severamente incapacitadas pela doença a retomarem seus estudos e sua convivência social”, finaliza a Dra Sarah.
Clínica de Pediatria Toporovski: (11) 3821-1655