A febre sempre é motivo de preocupação para os pais. Ela é uma resposta fisiológica do organismo para reagir contra um agente infeccioso ou um processo de origem inflamatória.
Trata-se, portanto, de um mecanismo de defesa que, até certo grau, auxilia o nosso sistema imunológico a reagir.
Com isso, diminui o tempo de duração de uma doença e previne complicações relacionadas a mesma.
A febre é um sintoma extremamente comum em pediatria e representa uma importante causa de consultas ao pediatra, tanto nos consultórios, como também nos pronto socorros, especialmente quando está alta pode ser um sinal de alerta.
Ela sozinha, na maior parte dos casos, não traz maiores problemas, terminando em poucos dias, de modo espontâneo.
A febre resulta da elevação da temperatura do corpo humano, normalmente como uma resposta inflamatória.
Considera-se estado febril uma temperatura retal igual ou superior a 38°C ou oral/axilar superior a 37,5°C.
A temperatura corporal sofre pequenas variações ao longo do dia, podendo variar entre 35,5° e 36,6°, subindo cerca de 0,5° no período da tarde.
Fatores como o exercício físico, o vestuário (roupas pesadas), o banho quente ou temperaturas atmosféricas elevadas podem conduzir a um aumento superior a 1°C na temperatura corporal.
É comum, nessas situações, a criança apresentar 37ºC sem que isso represente algum sinal de doença associada.
As causas da febre são muitas e podem ser divididas entre infecciosas e não infecciosas. Em crianças saudáveis, a maior parte das vezes, a febre surge como manifestação de infecções virais.
Febres decorrentes de doenças inflamatórias crônicas ou de doença neoplásica, felizmente são muitos raras.
Boa parte dos processos febris são resolvidos em até 4 dias
A maior parte dos processos febris são autolimitados, e tem a tendência de serem resolvidos espontaneamente em um período entre 3 a 4 dias.
É muito importante verificar o estado geral da criança, especialmente nos intervalos dos picos febris. Algumas, mantém atividade razoável, ficam ativas e brincam. Logicamente, esse tipo de processo febril não preocupa o pediatra que está acompanhando o caso, junto com os familiares.
Deve-se prestar bastante atenção quando a criança tiver febre alta, com vários picos de ocorrência durante o dia e à noite, onde a criança apresenta-se abatida, muito caída, pouco reativa ou mesmo gemendo bastante. Certamente não são bons sinais!
Isto pode representar quadros mais graves e inclusive infecções bacterianas, que devem ser prontamente diagnosticadas e tratadas pelo médico de confiança da família.
Febres muito altas também preocupam os pais devido a possibilidade de ocorrência de convulsões febris em crianças pequenas entre 6 meses a 5 anos de idade.
Isto pode ocorrer por imaturidade dos centros termorreguladores, não representam doença neurológica e nada tem a ver com epilepsia.
Essas ocorrências são transitórias, acabam por volta dos 5 anos de idade e não deixam nenhum tipo de sequela para a criança.
A febre só deve ser combatida efetivamente quando atinge níveis acima de 38ºC e está determinando mal-estar e incômodo para a criança.
Níveis menores de febre acompanham a resposta inflamatória de defesa e não exigem antitérmicos. Estes, administrados em excesso, podem determinar hipotermia, sendo essa pior para o organismo quando comparado à própria ocorrência de febre.
É importante lembrar aos pais que o nascimento dos dentes em lactentes não é por si causa indutora de febre, especialmente acima de 38ºC.
O que fazer em caso de febre?
A criança com febre queixa-se frequentemente de frio. Ela deve ser vestida de forma usual. Em geral, pouco mais agasalhada, evitando-se o uso de roupas muito pesadas.
A criança com febre perde mais líquidos do organismo. Portanto, é importante manter a criança bem hidratada, aumentando a oferta de líquidos.
Temperaturas mais elevadas, em geral acima de 38,5ºC, indicam o uso de medicações denominadas de antipiréticos, que têm como principal função aliviar o desconforto e as dores no corpo provocadas pela febre.
As crianças não devem ser submetidas aos chamados banhos frios ou compressas com álcool e água fria.
Essas práticas não são boas, nem recomendáveis, pois promovem a queda da temperatura da pele por alguns minutos e fazem que o centro termorregulador ative a secreção dos pirógenos. Assim sendo, em 20 ou 30 minutos é comum a ocorrência de picos bem elevados de temperatura.
A criança deve ser observada pelo médico se:
Tem menos de seis meses de idade; mais de 39ºC de temperatura; choro de difícil consolo; gemido ao dormir ou quando manipulado; sensação de doença grave mesmo com febre baixa; ocorrer a primeira convulsão febril e caso sejam registrados os seguintes fatores:
Convulsão na ausência de febre
Alterações de consciência (sonolência excessiva)
Rigidez na nuca
Traumatismo crânio-encefálico recente
Dor de cabeça e prostração
Vómitos e/ou dor abdominal intermitente ou persistente
Diarreia e prostração com mais de 12 horas de evolução
Alterações urinárias – dor para urinar e desconforto
Evidência de algum tipo de hemorragia ou presença de manchas arroxeadas na pele
Dificuldade respiratória após a desobstrução nasal ou ficar com lábios e extremidades de tom arroxeado
Suspeita de intoxicação medicamentosa
Desidratação (diminuição da frequência e quantidade das micções, ausência de lágrimas), irritabilidade ou sonolência excessivas, diminuição do peso, aumento da frequência respiratória e cardíaca
Hipotermia (menos que 36°C) após período de febre
Processos febris das crianças exigem um canal de comunicação entre a família e o médico
O Dr Mauro Toporovski, coordenador da Clínica Pediátrica Toporovski e professor do Departamento de Pediatria da FCM da Santa Casa de São Paulo, orienta o seguinte.
“Os processos febris das crianças exigem um canal de comunicação entre a família e o pediatra, onde estabelece-se a necessidade de pronto exame clínico ou não, pontos que podem indicar alguma gravidade, necessidade de consulta e principalmente diagnóstico do motivo da ocorrência da febre”.
O pediatra gástrico continua. “Sempre digo aos familiares: ‘sou o médico da criança e não da febre dela’. É muito importante o canal de diálogo e acompanhamento dos processos febris junto a família até que o processo em questão esteja resolvido”, finaliza o médico.
Clínica de Pediatria Toporovski: (11) 3821-1655