Conforme prometemos no primeiro artigo do nosso blog, vamos falar agora sobre os exames complementares e tratamento do refluxo gastroesofágico em crianças.

O mesmo é considerado um processo fisiológico que acontece várias vezes ao dia, em lactentes saudáveis, crianças e, até mesmo, adultos.

A diferenciação entre a Doença do Refluxo Gastroesofágico DRGE e o Refluxo Gastroesofágico RGE é essencial para decidir se há ou não a necessidade de um tratamento farmacológico.

A realização dos exames complementares em lactentes ou crianças com sinais e sintomas de RGE deve ser criteriosa, buscando confirmar dados que orientem melhor o tratamento e a condução dos casos em questão.

O RGE na sua apresentação clínica, apresenta-se em diversa formas, sendo então os exames direcionados para podermos enxergar as particularidades de cada aspecto.

Exames complementares: quando devem ser solicitados?

Os exames subsidiários só devem ser solicitados quando houver suspeita de doença do RGE.

Quando procura-se informação a respeito de anormalidades anatômicas do trato digestivo, especialmente nos bebês que vomitam e não ganham peso, o exame radiológico com contraste pode fornecer informações valiosas.

O simples achado da coluna de contraste subindo do estômago para o esôfago não deve ser avaliado como algo anormal.

Dois tipos de exames qualificam a qualidade, volume e tempo de duração dos episódios de refluxo gastroesofágico.

A pHmetria esofágica de 24 horas, através de colocação de uma sonda no esôfago permite avaliar se o refluxo ácido está determinando algum sintoma.

Podem ser registrados o número de refluxos ácidos, duração dos episódios e relacionar os mesmos com a ocorrência de sintomas.

Os dados fornecidos pela prova são muito úteis para programar o tratamento do RGE.

Hoje em dia, há um novo exame, denominado Impedâncio-pHmetria esofágica, que consegue quantificar refluxos ácidos, fracamente ácidos e não ácidos, fornecendo mais detalhes sobre a doença do RGE em questão.

A endoscopia digestiva alta permite observar, nos casos mais graves, se o refluxo está determinando lesões no esôfago. E, também, e se há alguma anormalidade anatômica na área. Esses exames devem ser pedidos, quando há suspeita da doença do RGE.

Tratamento do RGE

Para os bebês, medidas posturais após as mamadas e elevação do decúbito do berço, ou da cabeceira da cama, auxiliam a controlar os episódios de refluxo.

O leite materno nunca deve ser desestimulado ou interrompido. O pediatra deve apenas atentar para mamadas muito longas onde já não está ocorrendo sucção nutritiva, ou seja, deve evitar o “ficar chupetando o peito da mãe”.

Quando os bebês recebem fórmula, podem ser benéficas as denominadas fórmulas espessadas anti-regurgitação (fórmulas AR). As mesmas promovem uma diminuição moderada no volume e número de regurgitações.

Alergia à proteína do leite de vaca deve ser lembrada como diagnóstico diferencial em casos de lactentes com sintomas persistentes de RGE

 “A alergia à proteína do leite de vaca deve ser lembrada como diagnóstico diferencial em casos de lactentes com sintomas persistentes de RGE ou não responsivos aos tratamentos preconizados”, explica o Dr. Mauro Toporovski.

Para crianças maiores e adolescentes devem ser orientadas refeições bem distribuídas quanto aos horários e volume das mesmas.

A dieta deve ser saudável, evitando alimentos muito gordurosos, frituras, condimentos fortes, bebidas gasosas e cafeína. Deve-se evitar comer, ingerir líquidos ao mesmo tempo e ir deitar logo em seguida.

Sem dúvida alguma, na maioria das vezes, a obesidade e o sedentarismo pioram o refluxo gastroesofágico.

Ou seja, mudanças no estilo de vida e hábito alimentar são necessárias para quem sofre de refluxo. E, também, são determinantes para uma boa resposta ao tratamento.

O tratamento adequado do refluxo varia de acordo com a gravidade ou não do caso.

O tratamento medicamentoso só deve ser realizado quando suspeita-se de doença do RGE. Infelizmente, nos dias atuais, sabemos que não dispomos de drogas que atuem bem melhorando a motilidade esofágica, as chamadas drogas procinéticas.

A ação anti-refluxo melhorando o peristaltismo é muito frágil e os efeitos colaterais, tanto para crianças, quanto para adultos, superam os benefícios.

Trate o refluxo gastroesofágico! Isso é, de fato, necessário!

 
Exames complementares do refluxo gastroesofágico infantil: sua realização deve ser feita de modo criterioso
 

A dismotilidade esofágica (peristaltimo deficiente não conseguindo depurar o conteúdo refluído do esôfago para o estômago) e, especialmente, os refluxos ácidos prolongados podem produzir lesões no esôfago, tais como estrias, ulcerações e, em situações mais graves, estenose esofágica.

A Doença do RGE pode determinar sintomas respiratórios, tais como tosse crônica, chiado no peito, pneumonias de repetição. Sintomas otorrinolaringológicos como pigarro e rouquidão são também frequentes e presentes em muitos casos.

Contamos para o tratamento apenas as drogas que bloqueiam a secreção ácida, os chamados antiácidos. Muitos pacientes necessitam de tratamento medicamentoso por muitos meses, ou mesmo anos, para não apresentarem nenhum sintoma. São comuns recorrências quando da interrupção do antiácido.  

Esses casos exigem cirurgia. “Esta, deve ser reservada para casos graves, persistentes, ou naqueles que sejam refratários ao tratamento medicamentoso”, explica o Dr.Mauro.

Sobre a cirurgia, é construída uma espécie de válvula anti-refluxo (por meio de uma dobra ao redor do esôfago), para que, quando estiver cheio, o estômago não permita a passagem do conteúdo alimentar para a parte terminal do esôfago, reprimindo, assim, o refluxo. 

“Mudanças no estilo de vida e tipo de alimentação são extremamente úteis para o controle do RGE e o seu sucesso no tratamento”, afirma o médico, especialista em gastroenterologia pediátrica e coordenador-geral da Clínica de Pediatria Toporovski.  

Clínica de Pediatria Toporovski: (11) 3821-1655

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