O ato de brincar e o seu significado não é apenas pura diversão. Trata-se de algo tão sério que pode ser considerado uma revolução – principalmente para os adultos.
O ato de brincar, algo tão importante, tem sido modificado ao longo dos séculos de forma negativa.
Ganhou uma conotação, de modo errado, de algo não sério, não tão importante, e considerado, às vezes, até de perda de tempo.
Mas afinal, o que é o brincar?
Essa palavra tem origem latina. Vem de vinculum, que quer dizer laço e é derivada do verbo vincire, que significa prender, encantar.
Vinculum virou brinco e originou o verbo brincar, que é sinônimo de divertir-se.
Brincar é algo absolutamente natural para a criança.
É uma atividade tão importante que leva às descobertas da vida e é onde se inicia a linguagem humana.
Ao brincar, uma criança está conectada com seu interior, com seu corpo.
Nesse momento, ela está entregue à um estado de consciência que a liga a seu campo energético, ao seu eixo.
O puramente mental coloca-se de lado e dá-se espaço para a linguagem da alma. A linguagem da alma é O BRINCAR!
Brincar é prazeroso para as crianças!
O contato direto que a criança faz com essa pulsação da vida se manifesta na forma de alegria, nos olhos que brilham de prazer frente à vida que se revela, nos sorrisos e gargalhadas carregados de inocência e vitalidade.
O ato de brincar permite à criança dar forma às suas ideias, fantasias e a compreensão do cotidiano, de forma lúdica.
Brincando a criança dá algum sentido ao viver. O ato de brincar constrói, dá consciência e responsabilidade.
A criança vem com um impulso curioso, um desejo de conhecer e explorar o meio que a cerca. É assim que começa a compreender o mundo interno e externo.
Conforme brinca e explora, pode fazer experiências e nomear seus sentimentos.
Consegue conectar-se com o que há fora e dentro dela, aprender seus limites e suas potencialidades. Brincar possibilita então o vínculo e promove, ainda o autoconhecimento!
O ato de brincar tem seu tempo e espaço próprios.
Brincar, divertir-se, não tem nada a ver com a racionalidade.
Sendo assim, a criança tem a necessidade de interagir com as estações do ano, com as variações do clima, com a terra, com a água, com o ar.
Privar uma criança disso tudo é, de certo modo, uma violência, uma privação a livre experiência, ao aprendizado de um modo puro, pois inibe-se a linguagem natural, a manifestação do humano e, às vezes, a criatividade.
Brincar é o recurso que abre o portal da imaginação. E isso não vale somente para as crianças, vale para os jovens e adultos também.
Crianças precisam do mundo lúdico: o ato de brincar e o seu significado
As crianças gostam e precisam muito deste mundo lúdico.
Por isso, por exemplo, gostam tanto de desenhar e representar seu mundo interno em um papel; dar forma ao que sentem e entendem do mundo é uma forma de adquirir linguagem e interagir com o mundo, seja antes ou depois do processo de alfabetização.
O desenho trás o símbolo que é uma linguagem comum a todos os humanos, neste aspecto nos conecta a um coletivo comum, de fácil entendimento e que transpõe as diferenças culturais.
O ato de brincar e o seu significado: tempo, uma questão séria e importante!
Em uma sociedade agitada e materialista, o tempo e, mais precisamente, a falta dele, nos impõe uma vida e uma rotina muito aceleradas.
Nestas condições, muitos adultos ficam conectados apenas à instância mental ou racional, distanciando-se de suas próprias emoções, sensações e, principalmente, da natureza.
Somos “treinados” a realizar muitas tarefas, a ter bom desempenho no trabalho, a ter muitas coisas.
Mas e nossa capacidade criativa, a alegria, o brincar, o ser, como ficam?
Muitas vezes, eles ficam espremidos, reprimidos e alguns adultos e crianças, buscam resgatar essa conexão interior através de recursos como: meditação, yoga, e muitas vezes, até a terapia entra como aliada neste resgate da criatividade.
Neste sentido, nota-se que a escola tem importante função nesta vida moderna de ser uma grande aliada nesta busca de um meio termo saudável.
Principalmente neste tempo de pandemia em que estamos vivendo, percebemos a importância da escola não só como um lugar de aprendizado cognitivo, como também, um espaço de socialização, autoconhecimento, do brincar, do lúdico.
É na escola que se ganha a internalização das regras para um bom convívio social, mas corre-se o risco de perder a conexão com a criatividade, com esse impulso de vida natural, com a alegria e até com o ato de brincar!
São crianças e adultos muitas vezes duros, agitados, com pouco senso de humor, entristecidos ou ansiosos. Isso, certamente, prejudica muito as crianças.
Temos uma ideia, errada, que o ato de brincar não combina com a aprendizagem. Tememos que, se a criança somente brincar, ter liberdade para fazer aquilo que a realiza, ela não vai ser nada na vida.
Crianças são, muitas vezes, bombardeadas com mil atividades
Muitos pais e educadores, mesmos que bem intencionados, bombardeiam os pequenos com mil atividades extracurriculares, destinadas a cumprir um curriculum que inclui esportes, línguas, etc.
Projeta-se a vida para o futuro, para o vestibular, para a profissão, para ter uma boa performance…
“Nenhum extremo é bom! É muito importante ter um equilíbrio no tempo de brincar, de estudar e de ter lazer”, diz a psicóloga Marcia Berman Neumann.
Nesta direção, o brincar livre e a possibilidade de viver a experiência estão ameaçadas pela falta de tempo atual, pela necessidade dos pais de tentar proteger suas crias da frustração e do contato com os seus sentimentos.
“Se a criança vive a liberdade de experimentar suas possibilidades, ela descobre seus limites por si mesma.
Cabe ao adulto estar ao seu lado e falar a língua da criança, ou seja, ter uma postura que possibilite a experiência”, diz a colaboradora da Clínica de Pediatria Toporovski.
“E isso significa dar a ela o seu próprio tempo. Respeitar a singularidade do desenvolvimento de cada indivíduo.
Dar a elas tempo para brincar com seus brinquedos ou simplesmente para não fazer nada” pontua a especialista em crianças.
Estas reflexões do que é o ato de brincar são importantes para refletir que brincadeira de criança é coisa séria, ou seja, é um modo de internalizar regras, criar repertorio próprio e praticar a criatividade.
O tempo para ter esta liberdade na primeira infância é passageiro e por isso deve ser respeitado e não acelerado.
Mantendo sempre o bom senso e o equilíbrio podemos ajudar as nossas crianças a crescer de forma sadia e harmoniosa!
Clínica de Pediatria Toporovski: (11) 3821-1655.