Todos nós já enfrentamos situações de medo frente ao desconhecido, seja quando criança ou mesmo já na fase adulta. Momentos de grande ansiedade e nervosismo antes de apresentar um trabalho escolar ou mesmo em uma reunião profissional. Mas sempre prevalece aquela questão, timidez: em que momento devo me preocupar?
A exposição social, principalmente ao que se refere a performance, costuma gerar muitos pensamentos e sentimentos mesmo. Isso é normal!
Mas, então, como saber o que é esperado e quando é preciso pedir ajuda?
A “inibição comportamental”, popularmente ganhou o nome de timidez.
Mas o que significa timidez?
O termo timidez vem da palavra latina timeō, que significa medo. A timidez é um padrão de comportamento, pensamento e emoção que geram desconforto ou inibição (retração) em situaçōes de interação pessoal.
Desta maneira, fica mais fácil entender por que é tão normal ter algum grau de timidez.
O medo é um importante mecanismo de proteção, pois ele ajuda a estabelecer limites seguros e a ter uma boa adequação social.
Aquelas pessoas que não têm um pouco de timidez podem, muitas vezes, serem até inadequadas. Então, um pouco de timidez é fundamental e comum a todos nós!
Quando a timidez não é um problema
A comunicação e a sociabilidade são atualmente uma das habilidades consideradas de maior importância para o sucesso pessoal.
Existe inclusive uma supervalorização das mesmas advindas das redes sociais, que enaltecem comportamentos de exposição através do uso de aplicativos como Facebook, Snapchat e Youtube entre tantos outros.
O efeito colateral disso, é uma desvalorização de comportamentos mais reservados e introvertidos. Como os introvertidos aproveitam a vida então?
Pessoas mais quietas e reservadas são julgadas com uma conotação negativa muitas vezes, quando na verdade, significa um traço de personalidade onde aproveitam a vida de outro modo.
São mais observadoras, gostam de estarem sozinhas em alguns momentos para realizar atividades que lhes proporcionam prazer como ler, caminhar, brincar e aprender, por exemplo.
Portanto existe, uma grande diferença entre ser tímido e ter uma personalidade introvertida.
“A introversão é um modo de ser em que o mundo interior fascina mais do que o exterior. O introvertido é reservado, gosta de calmaria, aprecia o silêncio, mas não é, necessariamente, uma criança tímida!”, afirma Marcia Berman Neumann, psicóloga infanto-juvenil.
Quando a timidez é um problema?
“A timidez psicológica infantil é um problema quando ela impõe barreiras que impeçam a conquista dos seus objetivos, sejam eles profissionais, pessoais ou sociais”, diz a colaboradora da Clínica de Pediatria Toporovski.
A timidez é diferente da introversão. Ela tem a ver com as sensações de medo, ansiedade e inibição frente a pessoas, lugares ou situações novas e desconhecidas.
É comum uma criança tímida ser de um jeito em casa e ter outro comportamento diferente quando está na escola ou fora do contexto do seu lar.
A criança tímida fica com o semblante fechado, a cabeça baixa, o corpo rígido, se esconde atrás dos pais quando está constrangida normalmente.
Precisa muitas vezes da intervenção dos pais para facilitar a interação em um primeiro momento.
É importante distinguir a timidez situacional e a timidez crônica.
Na timidez situacional, as manifestações são pontuais, ou seja, a criança tímida não consegue se relacionar com alguém em especial, acaba se retraindo quando entra em algum lugar novo, tem vergonha de falar em público, por exemplo.
Existe uma dificuldade pontual, mas que não é impeditiva para o convívio social no geral.
Já na timidez crônica, sua manifestação ocorre em todas as formas de relacionamento social.
Existe um comportamento de sofrer por antecipação da situação onde o medo de se expor e ser julgado é muito forte.
Sintomas físicos como sudorese, rubor e tremores nas mãos e na voz, dor de barriga entre outros, são muito comuns e sinalizam um grande sofrimento que necessita de ajuda.
Pois, na tentativa de se adaptar, a criança começa a evitar estas situações e acaba, muitas vezes, isolando-se socialmente.
Fobia social isola a criança tímida
O isolamento social tem como característica a prevenção e o medo da maioria das situações em que há contato com outros.
Pode virar uma doença conhecida como fobia social, onde a criança tem um elevado e chamativo grau de isolamento, evasão e solidão muito mais generalizado e que provocam grande níveis de angústia e sofrimento.
A ajuda profissional deve ser buscada quando a criança prefere sempre brincar sozinha, quando realmente não consegue se relacionar com ninguém e precisa dos pais para tudo. Ou seja: falta prazer e diversão para ela.
É muito comum as crianças serem autocriticas e exigentes consigo mesmas e o sentimento de humilhação, por não superar suas dificuldades, podendo se fechar ainda mais.
Como trabalhar esse problema? Timidez: quando devo me preocupar?
É muito importante que a família e a escola estejam atentas para identificar uma criança tímida.
Trabalhar estes aspectos deste cedo com a intenção de evitar algum prejuízo no desenvolvimento e formação da personalidade é a melhor solução sempre.
Quanto antes aprender a lidar e gerenciar suas emoções, melhor, pois ganhará maior autonomia e autoestima. A gestão emocional é uma competência sócio-emocional que gera autocontrole e reconhecimento do estresse, ansiedade e motiva a pensamentos e atitudes positivas.
Desenvolver estas capacidades nas crianças depende de um trabalho conjunto dos educadores e pais.
Como ajudar o meu filho a vencer a timidez?
Cabe aos adultos ajudarem a distinguir quando as barreiras da timidez estão prejudicando o desenvolvimento geral da criança e ela necessita de ajuda profissional.
Porém, entender que a família é o primeiro círculo social com o qual existe contato para as interações sociais é muito importante.
Um ambiente respeitoso e amoroso faz com que a criança trabalhe sua autoestima e autoconfiança para entender aquilo que sente, lidar com as próprias emoções e interagir com o mundo e as pessoas ao seu redor.
É um treino para quando sair da sua zona de conforto e arriscar novas relações interpessoais.
Não existe solução mágica e rápida para vencer a timidez, mas com estas dicas práticas e muito esforço é possível ajudar e, muito, os seus filhos.
Não comparar uma criança com outra é fundamental neste processo todo, pois ela pode se fechar ainda mais e sentir-se humilhada, frustrada e inferiorizada.
Ao contrário: mostre a ela que cada um é único e merece ser respeitado.
Incentive atividades em grupo: a interação é uma boa forma de ajudar!
Ela auxilia muito a criança a perder o medo e ganhar confiança: prefira pequenos grupos; convide amiguinhos para brincar em sua casa, por exemplo.
Não force situações, como se apresentar em público, exigir que cumprimente com contato físico. Você pode ajudar dizendo algo do tipo: “meu filho está dando um oi geral pois fica tímido, logo ele se solta…”
Haja com paciência e calma, respeitando o tempo dele, mas mantendo o bom senso e as regras de educação.
A criança absorve tudo que está em torno dela e vai entender perfeitamente que cumprimentar é um modelo importante a se reproduzir.
Reconheça pequenos gestos dos seus filhos
Reconhecer pequenos gestos são grandes passos para ajudar o seu filho a vencer a timidez.
Reforçar de forma positiva com elogios os pequenos ganhos do comportamento são a melhor forma de melhorar a segurança e a autoestima. Reconhecer o esforço da criança motiva muito elas, sempre!
Oferecer um tempo de qualidade em família, dar importância aos momentos lúdicos onde o erro faz parte do aprendizado, são sempre momentos de extrema importância na estrutura infantil.
Não menospreze os sentimentos do seu filho. Caçoar ou julgar os temores da criança mesmo que pareça bobo a você, só incentiva a retração ainda mais.
Contar com outros pontos de referência como a escola e a terapia infantil também podem ser recursos de muito valor.
Isto porque são lugares onde a criança é exigida a sair de sua zona de conforto e testar novas relações e modo de ser.
No contexto escolar, as professoras desenvolvem um papel de autoridade muito estruturante.
A criança se beneficia com um novo olhar para si, precisando se adaptar a um novo conjunto de regras e ganhar autonomia para se desenvolver fora das barreiras do lar.
Neste contexto, podem surgir situações onde uma intervenção mais pontual se faz necessária como já dito acima para diferenciar a timidez quando ela se torna prejudicial.
Quando existe um sofrimento emocional e sintomas físicos, muitas vezes, é preciso avaliar o quadro e buscar ajuda profissional.
Terapia pode ajudar a vencer a timidez
A terapia muitas vezes é o recurso que falta para vencer de vez a timidez.
O ambiente seguro para adquirir confiança e resignificar as sensações de medo e ansiedade são os pontos trabalhados pelo profissional, que através se seu olhar treinado, oferece técnicas e recursos para que a autoestima seja resgatada e que as interações sociais possam se dar de modo mais tranquilo e saudável.
“O gerenciamento emocional é importante para crianças e adultos levarem a vida de modo mais respeitoso com o seu funcionamento e desenvolver de modo pleno e feliz a sua vida”, encerra a psicóloga Marcia.
Clinica de Pediatria Toporovski: (11) 3821-1655