Esse pequeno filme:
produzido na Austrália, há cerca de oito anos, “Children See Children Do”, em tradução livre: “crianças veem, crianças fazem”, ilustra bem as crianças imitando os adultos e como isso é fundamental ao seu desenvolvimento e também ao seu crescimento.
Com apenas um minuto, o vídeo retrata, em sua essência, como as crianças funcionam por “imitação” e, claro, geralmente copiando os seus pais, que são os adultos mais presentes em sua vida.
Mais do que isso: são a sua referência de mundo.
Em primeiro lugar, cabe salientar: a imitação é fundamental para o desenvolvimento de habilidades como a linguagem e também as habilidades sociais.
Com frequência ouvimos este provérbio: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Escutamos diversas vezes isso, diariamente, mas se um adulto não se comportar de maneira geral, de modo exemplar, e também na frente do seu filho, ele terá exatamente o resultado contrário.
Um bom exemplo ocorre nas refeições no dia a dia: se um pai ou uma mãe tem um mau hábito alimentar, não adianta falar o que, e como a criança deve se alimentar, já que na prática, ela vivencia o oposto.
“Quando precisamos trazer alguma mudança alimentar para a criança ou de comportamento, é fundamental que a família participe para se obter um bom resultado”, afirma a psiquiatra Danielle H.Admoni, colaboradora da Clínica de Pediatria Toporovski.
Isso vale para várias outras questões também.
No atendimento a criança com questões de saúde mental, é indispensável a avaliação familiar e atendimento conjunto com os pais.
A partir do vídeo acima é possível pensar na importante influência de comportamentos e ações dos pais na vida dos seus filhos.
As crianças, principalmente até os 5 anos de idade, literalmente imitam os comportamentos ao seu redor como forma de aprendizado.
Pais servem de modelo; crianças imitando adultos: fundamental ao seu desenvolvimento
Geralmente, como os pais são os mais próximos (ou deveriam ser), acabam funcionando como modelo para tudo.
No entanto, devemos lembrar também do papel de outros familiares, escola, funcionários, e as tecnologias a que têm acesso cada vez mais cedo como televisão, you tube, etc, que acabam por se tornar moldes de comportamento para essas crianças.
Entre 18 e 24 meses, as crianças começam a copiar muitas coisas que veem nos outros.
Elas agem deste modo para aprender, mas também para serem iguais aos outros e se sentirem parte de um grupo social.
Do mesmo modo, a imitação também constrói um sentimento de pertencimento e ajuda os humanos a se identificarem com determinado grupo.
Essa imitação já pode ser percebida logo após o nascimento, como quando os bebês copiam movimentos faciais dos pais (colocar a língua para fora, por exemplo) e amadurece até que eles tenham mais de um ano de idade.
Isso é demonstrado na teoria da zona de desenvolvimento proximal de Lev Vygotsky: crianças sabem que para se desenvolver precisam de modelos “especializados”, ou seja, os adultos.
Aos seis meses de idade, nossos bebês compreendem o comportamento intencional.
Entendem coisas agradáveis e desagradáveis (para eles) em sua rotina diária; reconhecem padrões e comportamentos e entendem que, após algumas ações, outras ocorrem na sequência.
Daí a importância de uma rotina, por exemplo: o bebê sabe que depois do banho irá dormir.
Nos primeiros 5 anos de vida as crianças imitam os adultos em excesso e de maneira mimética.
Ou seja: ainda não têm senso crítico para julgar se o que os adultos fazem ou dizem é adequado ou correto.
Em resumo, é fundamental que os pais pensem e repensem suas atitudes, gestos e palavras perto das crianças, já que isso irá moldar o seu comportamento.
Crianças entre 3 e 8 anos de idade precisam de regras claras!
Já que as crianças não conseguem diferenciar o positivo do negativo, para elas, se o papai ou a mamãe fazem algo, elas entendem que devem fazer também.
Entre três a oito anos de idade, a criança precisa de regras claras e de exemplos firmes.
Sabe-se que hábitos negativos dos pais como fumar, beber, tempo gasto em tv ou celular, pouca atividade física, alimentar-se mal ou até mesmo falar palavrões são aprendidos pelos filhos.
Contudo, é importante lembrar que as questões emocionais paternas e maternas, como explosões de raiva, impaciência, não lidar bem com críticas e frustrações e não assumir erros também podem ser assimilados pelas crianças.
De forma geral, as crianças gostam de imitar tarefas domésticas, como varrer o chão, “cozinhar”, arrumar coisas ou ações cotidianas, como escovar os dentes ou o cabelo, ao lado de seus pais.
A forma de interação com a criança também conta muito!
Se o cuidado com a criança é leniente, permissivo, ansioso, hostil, agressivo, inconstante, imprevisível ou inseguro, trará reflexos no desenvolvimento dessa criança.
Segundo Piaget, a criança imita ou representa o que vê ou experimenta. E são essas experiências que vão formar a base da memória e, mais tarde, do pensamento da pessoa.
Já Vygotsky, diz que tudo depende da experiência afetiva, ou seja: a maneira como ela vivencia essas situações de aprendizado como, por exemplo, crescer em um ambiente hostil ou violento.
Em resumo, o papel dos pais na formação do comportamento e atitude das crianças é importantíssimo, muito mais do que se percebe.
Sendo assim, se queremos filhos íntegros, honestos, etc, devemos ser os primeiros a dar o exemplo, para que o mesmo possa ser primeiro copiado e, depois, introduzido pela criança.
Clínica de Pediatria Toporovski: (11) 3821-1655